6.2.12

Vocês e seus conceitos modernos

A mim vocês não vão enganar, sei que sou efêmero e que hoje sou o que amanhã não serei mais. No entanto algumas coisas carregamos para sempre conosco, são como cicatrizes, apesar de não doerem mais, elas estão lá para lembrar-nos de um momento de nossas vidas, fazendo parte da sua história e daquilo que você é.
Sou uma pedra bruta que com o tempo vai sendo lapidada, não sou massinha de modelar nas mãos do senso comum.

Quando era pequeno, gostava de ver o Costinha contando piadas de gays, ver o Mussum fazendo o papel do estereótipo de preto sem frescura ou comoção dos órgãos de defesa.
Quando temos orgulho de algo nunca nos sentiremos ofendidos com brincadeiras ou mesmo ofensas, não vejo um milionário se lamentando porque o chamam de fútil, assim era o Mussum como um milionário cheio de melanina, tirando onda do racismo em pleno horário de almoço.

Não adianta ficar gritando nos meus ouvidos que homossexualismo é algo que eu tenha que ver com naturalidade e tentar mudar meu conceito, não há nada que aprecio nele e, isso não deveria ser problema pros homossexuais nem para os liberais, não precisam de minha aprovação, cada um vive sua vida do jeito que quer e não tente evangelizar o outro. Não irei dizer o que é certo para ninguém, até porque eu mesmo não sei.

Esta auto-afirmação coletiva que me irrita. Não vejo problemas em dividir minha mesa de bar com um sujeito pedindo um Cosmopolitan enquanto bebo minha vodca, só quero ter o direito de dizer que não gosto de Cosmopolitan, só quero poder fazer minhas observações jocosas de quem bebe Cosmopolitan, pode falar da minha vodca, se a piada for boa iremos rir juntos e talvez até sermos amigos.


Mas, por favor, não me mostre as fotos de um cachorro mutilado ou morto, poderei até fingir que me importo e fazer algum comentário de apoio, mas na verdade não me importo, não que eu não goste de cachorros, mas entre meus interesses, indignar-se com as maldades praticadas com os animais não é uma delas.

Vamos beber e dar risadas dos outros e não me peça para eu me colocar no lugar da pessoa que estou rindo, aquele ali que caiu no meio do bar não deixará de se levantar só porque eu ri da cara dele, ele irá se recuperar pode contar com isso. Às vezes posso parecer frio como o gelo do meu copo, mas não sou, prefiro crer que eu seja pratico.

Aos 6 anos de idade meu pai me levou na casa da outra mulher dele, me mostrou outro muleque e me disse “Cumprimenta o seu irmão aê!” assim foi nossa apresentação de forma prática, sem carinho na barriga do bebê ou histórias de cegonha.

As minorias são como um filho para a sociedade, aquele filho menor e mais fraco, todos sabem que se passar demais a mão na cabeça dos caçulas, eles acabam ficando mimados.


Escrito por CQCM, que não sentava nas cadeiras da escola que tinham um pinto desenhado de liquid-paper.
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2 comentários:

R.C. disse...

Não sei, não sei se posso estar tranquila e certa de que minha risada sobre a desgraça de alguém não o influenciará. Se eu não posso ou não quero ajudá-lo estendendo minha mão para que ele se ergue, para que jogar um punhado de areia que pra mim é leve para ele pode ser infinitamente pesado?
Foi mais ou menos como quando eu caí no ônibus depois de uma manobra brusca do motorista, machuquei feio meio joelho e tive que tirar forças não sei de onde para conseguir descer e buscar pro ajuda sozinha, porque o ser humano é assim mesmo, "ela não precisa da minha ajuda, ela vai superar tudo", no entanto eles não sabem (ou talvez saibam sim) que os risos e gargalhadas fizeram o meu levantar muito mais penoso.

Do contrário, sobre todo o restante do texto, me senti até surpresa por, finalmente, ter concordado contigo.
=)

Tanto tempo que não passo por aqui, gostei da cara nova do blog, em especial a troca do avatar. rs

C.Q.C.M. disse...

Ah, quer dizer então que antes não concordava com nada!? Bom saber disso.

Gostei de saber que uma leitora das antigas voltou. ;)

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